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As Meninas Digitais contam com a sua ajuda

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O Projeto Meninas Digitais – Regional Sul, da Universidade Federal de Santa Catarina, é uma iniciativa vinculada ao Programa Meninas Digitais, da Sociedade Brasileira da Computação (SBC). O projeto tem como propósito divulgar as áreas tecnológicas e de ciências exatas para despertar o interesse de estudantes do Ensino Médio a conhecerem melhor a área e, dessa forma, desenvolver habilidades para a busca do conhecimento. As ações do projeto, são diversificadas: são promovidos minicursos e oficinas, realização de dinâmicas, palestras com estudantes e profissionais que já atuam na área compartilhando suas experiências, visitas técnicas a universidades e empresas, seminários sobre a influência da tecnologia na educação e entre outras atividades.

As acadêmicas que fazem parte do Projeto Meninas Digitais – Regional Sul, da Universidade Federal de Santa Catarina, tiveram três propostas de artigo aceitas para o evento científico XXIV Colóquio da AFIRSE Portugal a ser realizado no dia 2, 3 e 4 de fevereiro de 2017, na Universidade de Lisboa-Portugal: O uso da tecnologia como ferramenta de apoio aos métodos pedagógicos tradicionais, A utilização da robótica educativa nas escolas públicas e Ensino de computação sem computadores. O evento, de visibilidade internacional, vai proporcionar, além da apresentação e debate sobre seus artigos, a exposição do trabalho aplicado durante as oficinas ministradas.

No entanto, para representar o país no evento e apresentarem seus trabalhos, as integrantes do projeto precisam de ajuda. Elas estão se organizando para arrecadar recursos para cobrir parte dos custos de viagem, como passagens aéreas, acomodações e alimentação, haja vista que a universidade não dispõe de recursos para auxiliá-las. As estudantes criaram a página Ajudem as Meninas Digitais UFSC, sistema de “vaquinha” on-line, a fim de levantar os recursos necessários para a participação no evento.

SAIBA MAIS

Acesse e ajude na vaquinha on-line: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajudem-as-meninas-digitais.

Acesse a página do Facebook e conheça mais sobre o projeto Meninas Digitais – USFC.

Conheça o canal das Meninas Digitais no YouTube.

Pelo empoderamento feminino. Por mulheres na ciência. Por mulheres na computação. Por tecnologias para transformar a educação.

 

 

Mídias e práticas políticas e sociais

Desde pelo menos o último dia 6/11, estudantes têm ocupado escolas públicas em SP. No início era um movimento ‘visível’ apenas em mídias alternativas. Uma nota ou outra saía na imprensa tradicional. Na última terça-feira, dia 17, o programa Profissão Repórter, da TV Globo, deu atenção ao caso. Mas então, a mídia tradicional já estava perdendo feio para as mídias alternativas, concentradas na internet, que têm feito a cobertura das ocupações.

Blindado pela mídia e certo de que seria um movimento passageiro, o Governo de SP, como sempre, usou da força policial contra estudantes secundaristas e professores para reprimir as ocupações. Nas primeiras ocupações, foi cortado o fornecimento de água e energia para forçar os estudantes a se retirarem do prédio. O efeito foi contrário. Vídeos da truculência policial se espalharam pela internet, mas pouco foi dito sobre isso na mídia tradicional. Nos últimos dias, dezenas de escolas foram ocupadas, inclusive escolas que não estavam na lista para serem fechadas pela ‘reforma’ prevista pelo Governo do Estado de SP. Já se fala em 60 escolas ocupadas por estudantes. Organizados em coletivos independentes via internet, o movimento segue resistindo e ganhando adesão.

Ainda é cedo para saber os resultados desse movimento, que muitos têm taxado de ‘invasão’, muitos têm tentado desqualificar, dizendo que se trata de um movimento partidário, sem que haja nenhuma evidência disso: ao contrário, nos materiais que seguem sendo divulgados na internet, esse é um movimento deles, de garotos e garotas que não querem que suas escolas sejam fechadas. Não existe um foco de liderança, o movimento aparenta ter respaldo dos pais e dos professores e a pauta é uma só: não fechem as escolas.

O movimento, até agora, mesmo com a pouca visibilidade fora do estado de SP e nos veículos de comunicação tradicionais, tem sido empolgante e dado aos adultos boas lições de cidadania, com teor muito mais crítico e definido do que muitas manifestações populares que temos assistido nos últimos meses.

Não se trata de um movimento ‘melhor’ do que outros, mas certamente é um movimento diferente, com o qual as autoridades ainda não sabem muito bem como lidar: movimentos organizados pela internet e que usam da irreverência própria dos jovens estudantes e de recursos da cultura digital que essa geração aprendeu tão bem a usar, com miscelânea de linguagens e conteúdos audiovisuais para veicular suas bandeiras de luta, como os que estão presentes nesse vídeo (esteja logado no Facebook para assistir).

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Trata-se de um movimento que, mesmo não tendo adesão imediata da mídia tradicional, faz uma cobertura midiática em tempo real com o uso de dispositivos móveis e com atuação de dar inveja a muito jornalista formado. Um movimento que se fortalece nas redes sociais na internet a cada dia, com a criação de novas fanpages sobre ocupações e articulação dos diferentes ativistas por meio de aplicativos de celular e nas próprias páginas — típicos de movimentos sociais totalmente novos, de tipo difuso e emergente, sem liderança definida ou identificável e baseada no uso das redes, que Cocco e Albagli (2012) analisam em seu livro “Revoluções 2.0“: Dado o modo de vida segmentado e fragmentado da contemporaneidade, a web tem se apresentado também como terreno de lutas e de “práticas militantes que funcionam como espaço de recomposição e de produção de redes políticas, afetivas […], compartilhamento e cooperação: o espaço para a construção de percursos de resistência e de produção comum”.

Se o movimento dos estudantes em São Paulo será enfraquecido, sufocado, reprimido ou deslegitimado, ou ainda, se conseguirá, ao menos em partes, o objetivo de evitar fechamento de escolas estaduais, só o tempo irá dizer. O que estamos aprendendo com esses adolescentes é um jeito diferente de ocupar os espaços políticos e um jeito diferente de fazer política, sem o conservadorismo ou o ódio (que tem marcado recentes manifestações pelo país) e com um nível de politização muitas vezes mais maduro do que os presentes nas ‘manifestações dos adultos’ que insistem na permissão para “deletar a diferença” e que carecem de uma visão de totalidade para encaminhar suas demandas.

Atualização:

No dia seguinte à publicação desse texto e diante do número de 70 escolas ocupadas, o Governo de São Paulo retrocedeu, ‘adiando’ a reforma anunciada. A decisão foi vista como forma de desmobilização das ocupações, visto que  uma série de medidas a serem negociadas dependeria da desocupação das escolas. Dois dias após a publicação do texto, o número de escolas ocupadas aumentou para 91, segundo informações não-oficiais.