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Livro para download: Obras escolhidas de Walter Benjamin

Baixe grátis o livro Obras escolhidas: Magia e técnica, arte e política, de Walter Benjamin.

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Walter Benjamin (1892-1940) foi um dos maiores intelectuais do século XX. Representante da Teoria Crítica e da Escola de Frankfurt, foi um brilhante crítico literário e ensaísta, além e tradutor e filósofo. Em meio a efervescência cultural do seu tempo, foi diretamente influenciado por e exerceu influência sobre outros grandes nomes do início do século XX.

Seu legado, que só se tornou grandemente reconhecido após sua morte, trata principalmente sobre as representações artísticas, culturais e estéticas de seu tempo. Seu tempo, inclusive, marcado por grandes transformações técnicas na sociedade, dos meios de transporte aos meios de comunicação de massa — temática que ocupou o seu pensamento, bem como o pensamento de outros intelectuais da época, sobre as repercussões das transformações técnicas no seio da vida social. Sob influência do idealismo alemão e do materialismo dialético, Benjamin trafegou por essas diferentes vertentes, aproximando-as. Quando o regime nazista ganhou força, Walter Benjamin (assim como outros intelectuais da Escola de Frankfurt), judeu, teve que fugir da Alemanha. Morreu em 1940 enquanto tentava fugir do regime.

Nessa coletânea da Editora Brasiliense, os organizadores pinçam da vasta obra de Benjamin textos que contribuem ainda hoje para pensar sobre certos aspectos da cultura, dos brinquedos, da questão da reprodutividade das obras artísticas contidas no célebre texto “A obra de arte na era de sua reprodutividade técnica”, entre outros.

Acesse o livro na íntegra.

Livro para download: Cinema, vídeo, Godard

Baixe grátis o livro Cinema, vídeo, Godard, de Philippe Dubois

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Jean-Luc Godard é, evidentemente, um dos maiores nomes da história do cinema. Nascido em Paris, em 1930, foi um dos principais nomes do Nouvelle Vague, um movimento artístico do cinema francês que rompeu com os modelos e padrões de se fazer cinema até então. Desde a imposição do cinema de estúdio, até a fixidez das câmeras, as narrativas lineares (e quase previsíveis) e a moralidade das produções cinematográficas, tudo isso o Nouvelle Vague veio contestar. Incluiu no novo jeito de fazer cinema a montagem inesperada de diálogos , o foco na personalidade dos personagens (e não nas cenas em si mesmo) e nas situações banais e cotidianas, e incluía nas produções elementos do pop art e do teatro épico, com a incorporação de textos de Marx a Balzac.

Como expoente desse movimento, a partir do final da década de 1950, Godard fez seu cinema de vanguarda explorando os temas polêmicos, os dilemas e as perplexidades do século XX. “Seu primeiro longa metragem, “Acossado” (1959), foi ponto de referência na cinematografia francesa, com um relato anti-heróico que rompia com muitas convenções. Audacioso, o cineasta adotou inovações narrativas e filmou com a câmera na mão, rompendo regras até então invioláveis” [1]. A magnitude de Godard para o cinema expressa-se nos diversos prêmios que recebeu ao longo da carreira, incluindo os prêmios honorários pela importância do conjunto de sua obra para o cinema internacional, incluindo dois prêmios César (o Oscar da Europa), um Leão de Ouro Honorário, além do Oscar Honorário, em 2010.

No livro Cinema, vídeo, Godard, o autor Philippe Dubois dedica toda a terceira e última parte da obra a um exame aprofundado da obra e do legado do cineasta francês que, “como nenhum outro, problematizou  com tanta insistência, profundidade e diversidade a mutação das imagens“. [2]. O livro, formado por nove ensaios, por sua vez, trata justamente da questão das imagens para o vídeo e, em especial, para o cinema. Parte, no capítulo inicial, da discussão sobre a teoria das imagens e sua relação com o vídeo, indagando se u vídeo pode ser considerado como um corpo estético específico, uma arte em si mesma, com linguagem própria.

Philippe Dubois é professor no Departamento de Cinema e Audiovisual da Universidade de Paris 3 — Sorbonne Nouvelle — onde leciona teoria das formas visuais. É pesquisador do Instituto Universitário da França (IUF). Há várias décadas pesquisa e publica artigos e livros sobre imagem, fotografia, cinema, vídeo e pós-cinema. Uma de suas áreas de especialidade é a análise fílmica, um porte teórico-metodológico imprescindível para os críticos de cinema. Dubois também já foi crítico e redator da Revue Belge du Cinéma e colaborador da Cinemateca Real da Bélgica. Já esteve no Brasil várias vezes, participando inclusive de uma Aula Magna do curso de Cinema da Universidade Federal de Santa Catarina, cujo vídeo está disponível no YouTube.

Conforme descrito na apresentação do livro, ressalta que Dubois é um dos poucos pensadores que vêm desenvolvendo uma “reflexão concentrada sobre as atuais mutações do cinema, a perda de sua hegemonia sore a criação audiovisual, a emergência ruidosa do vídeo, o desafio imposto pela televisão e o panorama impreciso que tudo isso projeta num futuro próximo”. Podemos acrescentar a essa panorama a “magia das telas”, com a emergência dos dispositivos digitais e móveis e com a incorporação definitiva de câmeras em nosso cotidiano (vale lembrar que quando o livro foi lançado, ainda não havia YouTube, muito menos os fenômenos das transmissões ao vivo nas redes sociais, feitas com aparelhos celulares). A propósito, o próprio livro foi organizado a partir de um conjunto de ensaios escritos ainda em períodos anteriores nos quais a internet ainda não estava tão presente no cotidiano das pessoas. Todavia, Dubois não havia deixado escapar as nuances dessa mudança emergente.

As obras eletrônicas podem existir [..] associadas a outras modalidades artísticas, a outros meios, a outros materiais, a outras formas de espetáculo. Muitas das experiências videográficas são mesmo fundamentalmente efêmeras, no sentido de que acontecem ao vivo apenas num tempo e lugar específicos e não podem ser resgatadas a não ser sob a forma de documentação (quando existente). Como consequência dessa dissolução do vídeo em todos os ambientes, os profissionais que o praticam, bem como os públicos para os quais ele se dirige, foram se tornando cada vez mais heterogêneos, sem qualquer referência padronizada, perfazendo hábitos culturais em expansão, circuitos de exibição efêmeros e experimentais, que resultam em verdadeiros quebra-cabeças para os fanáticos da especificidade.

O vídeo é o meio do caminho entre o cinema (em que as imagens estão em relação de dependência de um roteiro prévio, um plano de fundo) e o computador, que dispensa tudo isso. Nesse sentido, pensar o vídeo em relação ao cinema implica repensar o vídeo não mais como uma mera forma de registrar e narrar, mas como um pensamento, um modo de pensar.

Acesse o livro na íntegra.


Veja também (vídeos):

O cinema de exposição – Aula Magna com Dubois no curso de Cinema da Universidade Federal de Santa Catarina, em 2013.

Entrevista de Dubois, durante o curso de Análise Fílmica ministrado na Universidade Federal do Ceará em 2010.

Livro para download: Cultura e artes do pós-humano

Baixe grátis o livro Cultura e artes do pós-humano: Da cultura das mídias à cibercultura, de Lúcia Santaella

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Uma mudança cultural significativa com e pelas mídias. Esse pode ser considerado o ponto de partida da análise que a pesquisadora brasileira Maria Lúcia Santaella Braga — uma das principais divulgadoras da cultura digital do tempo presente — faz nessa obra, lançada originalmente em 2003. A obra, por sua vez, é uma ampliação significativa (e um aprofundamento significativo de ideias) do livro “Cultura das Mídias”, de 1992. O exemplar reproduzido aqui é a 4ª edição da obra, de 2010. Uma das características das obras de Santaella, a propósito, é retomar em seus livros ideias lançadas em seus livros anteriores. Outra característica é que, mesmo com o passar do tempo, suas ideias permanecem atuais e, em alguns casos, até mesmo futuristas ou prospectivas. O conceito de pós-humano se encaixa nesse perfil.

A perspectiva do pós-humanismo foi elaborada na década de 1970 por Ihab Hassan, norte-americano de ascendência egípcia, para designar uma espécie de ódio do ser humano por si mesmo. Esquecido por algum termo, o neologismo voltou à tona nos escritos de intelectuais que estudam a arte, a cultura e a filosofia a partir da década de 1990, no bojo da emergência da cibernética e da hibridização entre humano e máquina. Embora esse fosse um tema recorrente das obras de ficção científica dos anos 80 (em que “Blade Runner” tornou-se clássico, mas em que talvez Robocop tenha sido a expressão mais popular, visto que não se passava em um futuro distante, mas numa Detroit decadente da época), tal hibridismo, longe de apenas mexer com a imaginação ficcional, está encrustada na própria cultura emergente via redes digitais. É nesta perspectiva que Santaella categoriza a passagem de uma cultura a outra: a cultura oral, a escrita, a cultura impressa, a cultura de massas, a cultura das mídias até a cultura digital. A emergência de uma forma de cultura não exclui a outra, mas, ao contrário, a incorpora, de modo que todas coexistem no tempo presente.

Embora Santaella reconheça que os meios de comunicação são meros canais de informação, a passagem de uma cultura a outra está pautada nessas tecnologias como portadoras ou como veículos que carregam os elementos dessas distintas formas de cultura: segundo a autora, os tipos de signos que por elas circulam, os tipos de mensagens que engendram e os
tipos de comunicação que são capazes não só de moldar o pensamento dos seres humanos, mas também de propiciar o surgimento de novos ambientes socioculturais. A convergência das mídias, podemos pensar, seria uma espécie de convergência cultural, sobretudo com a emergência das tecnologias digitais de informação e comunicação, na qual o computador é visto como a mídia das mídias. Decorre da centralidade dessa tecnologia a característica essencial que Santaella distingue como a passagem da cultura de massa (até então predominante) para a cibercultura.

Na perspectiva de Santaella, seu propósito com esse livro é contribuir com sugestões de respostas às questões que estão no centro da atenção daqueles que têm sido movidos pelo desejo da pesquisa sobre os temas do ciberespaço, cibercultura e ciberarte: o que está acontecendo à interface ser humano-máquina e o que isso está significando para as comunicações e a cultura do início do século XXI. Com essa obra, Santaella convida o leitor a repensar o humano no alvorecer do vir-a-ser tecnológico do mundo contemporâneo, a partir da história das novas tecnologias, da filosofia, da psicanálise, da comunicação e semiótica e, principalmente, da arte. Santaella reconhece que o título do livro (referindo-se ao pós-humano) é perturbador, pois pode sugerir que o humano já se foi, perdeu-se no golpe dos acontecimentos. “Insisto em mantê-lo, apesar desses perigos interpretativos, porque pretendo chamar a atenção pra a necessidade de se repensar o humano até o limite de sua essência molecular”, afirma a autora.