Arquivos do Blog

Livro para download: Indústria Cultural e Sociedade

Baixe grátis o livro Indústria Cultural e Sociedade, de Theodor Adorno

05

O conceito de indústria cultural surgiu pela primeira vez na obra “Dialética do Esclarecimento”, formulado pelo próprio Adorno e por Max Horkheimer, representantes da chamada Escola de Frankfurt — escola de pensamento ligada ao Instituto para Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt. Associada a essa escola estão alguns dos mais notórios pensadores do século XX (além de Adorno e Horkheimer) e da Teoria Crítica. “Os filósofos representantes da Escola de Frankfurt – Adorno, Horkheimer, Benjamin, Marcuse e outros – se preocupavam com a “crise da razão contemporânea”, destacavam a necessidade de autocrítica, como parte da recuperação da razão ameaçada pelo domínio da técnica. Utilizando o conceito de Iluminismo em sentido mais amplo que no século XVIII, buscavam o domínio do raciocínio para pensar filosoficamente a realidade contemporânea”, diz o texto de apresentação de “Indústria Cultural e Sociedade”.

No ensaio “Dialética do Esclarecimento” (do alemão, Kulturindustrie), publicada na virada da década de 1940 para a de 50, a preocupação de Adorno e Horkheimer era a condição da arte na sociedade de massa, do capitalismo industrial. Tanto a chamada arte erudita (a “alta cultura”) quanto a arte popular estariam perdendo o seu valor crítico, de contestação, por ser cada vez mais rapidamente assimilável pelo próprio sistema de produção em massa e pelo mundo comercial, portanto, de certa forma sendo corrompidas por ele e reduzidas a meras mercadorias. Grosso modo, o problema central não seria o de que as diferentes formas de expressão artísticas se convertessem em mercadorias, mas que na sociedade capitalista industrial elas já nascessem como mercadorias, portanto, fadada ao consumo imediato dentro da lógica do consumismo, sem chegar a exercer plenamente seu papel de permitir a participação intelectual de seus expectadores. A questão se intensifica, haja vista que na lógica do consumismo e de obsolescência programada das mercadorias, a arte e a cultura teriam o mesmo destino, ao passo em que se massificava.

Em “Indústria Cultural e Sociedade” são retomadas algumas dessas ideias, a partir dos ensaios de Adorno. No texto de apresentação da obra, temos que “estudando a mídia norte americana, Adorno sustenta que o lazer não era mais simples diversão ou entretenimento. Havia um imenso maquinismo denominado “indústria cultural”, visando obter um comportamento dócil e uma multidão domesticada, através da exploração sistemática dos bens culturais”. Cabe lembrar que Adorno, juntamente com outros intelectuais da Escola de Frankfurt, tiveram que fugir do regime nazista. Walter Benjamin veio a falecer antes de conseguir sair da Europa. Adorno e Horkheimer foram viver nos EUA. Segundo consta na apresentação de “Indústria Cultural e Sociedade”, Adorno foi um dos responsáveis pelo despertar da consciência e da auto-análise no pós-guerra. Os excertos a seguir foram extraídos e adaptadas da apresentação da obra.

As produções da “indústria cultural”, introduzida como mercadorias, aliadas ao espírito de concentração capitalista perseguiam atitudes passivas de seus consumidores e, buscavam um “cidadão conformista” que não tinha nada em comum com o uso da razão e da liberdade, a arte, especialmente o cinema, se tornou mãos a expressão da racionalidade técnica que instrumento de lazer. A leitura de “Indústria Cultural e Sociedade” leitura indispensável para a reflexão filosófica de todo aquele que se preocupa com a identidade do homem contemporâneo e as amarras invisíveis dos mecanismos do poder econômico.

Livro para download: Cultura e artes do pós-humano

Baixe grátis o livro Cultura e artes do pós-humano: Da cultura das mídias à cibercultura, de Lúcia Santaella

03

Uma mudança cultural significativa com e pelas mídias. Esse pode ser considerado o ponto de partida da análise que a pesquisadora brasileira Maria Lúcia Santaella Braga — uma das principais divulgadoras da cultura digital do tempo presente — faz nessa obra, lançada originalmente em 2003. A obra, por sua vez, é uma ampliação significativa (e um aprofundamento significativo de ideias) do livro “Cultura das Mídias”, de 1992. O exemplar reproduzido aqui é a 4ª edição da obra, de 2010. Uma das características das obras de Santaella, a propósito, é retomar em seus livros ideias lançadas em seus livros anteriores. Outra característica é que, mesmo com o passar do tempo, suas ideias permanecem atuais e, em alguns casos, até mesmo futuristas ou prospectivas. O conceito de pós-humano se encaixa nesse perfil.

A perspectiva do pós-humanismo foi elaborada na década de 1970 por Ihab Hassan, norte-americano de ascendência egípcia, para designar uma espécie de ódio do ser humano por si mesmo. Esquecido por algum termo, o neologismo voltou à tona nos escritos de intelectuais que estudam a arte, a cultura e a filosofia a partir da década de 1990, no bojo da emergência da cibernética e da hibridização entre humano e máquina. Embora esse fosse um tema recorrente das obras de ficção científica dos anos 80 (em que “Blade Runner” tornou-se clássico, mas em que talvez Robocop tenha sido a expressão mais popular, visto que não se passava em um futuro distante, mas numa Detroit decadente da época), tal hibridismo, longe de apenas mexer com a imaginação ficcional, está encrustada na própria cultura emergente via redes digitais. É nesta perspectiva que Santaella categoriza a passagem de uma cultura a outra: a cultura oral, a escrita, a cultura impressa, a cultura de massas, a cultura das mídias até a cultura digital. A emergência de uma forma de cultura não exclui a outra, mas, ao contrário, a incorpora, de modo que todas coexistem no tempo presente.

Embora Santaella reconheça que os meios de comunicação são meros canais de informação, a passagem de uma cultura a outra está pautada nessas tecnologias como portadoras ou como veículos que carregam os elementos dessas distintas formas de cultura: segundo a autora, os tipos de signos que por elas circulam, os tipos de mensagens que engendram e os
tipos de comunicação que são capazes não só de moldar o pensamento dos seres humanos, mas também de propiciar o surgimento de novos ambientes socioculturais. A convergência das mídias, podemos pensar, seria uma espécie de convergência cultural, sobretudo com a emergência das tecnologias digitais de informação e comunicação, na qual o computador é visto como a mídia das mídias. Decorre da centralidade dessa tecnologia a característica essencial que Santaella distingue como a passagem da cultura de massa (até então predominante) para a cibercultura.

Na perspectiva de Santaella, seu propósito com esse livro é contribuir com sugestões de respostas às questões que estão no centro da atenção daqueles que têm sido movidos pelo desejo da pesquisa sobre os temas do ciberespaço, cibercultura e ciberarte: o que está acontecendo à interface ser humano-máquina e o que isso está significando para as comunicações e a cultura do início do século XXI. Com essa obra, Santaella convida o leitor a repensar o humano no alvorecer do vir-a-ser tecnológico do mundo contemporâneo, a partir da história das novas tecnologias, da filosofia, da psicanálise, da comunicação e semiótica e, principalmente, da arte. Santaella reconhece que o título do livro (referindo-se ao pós-humano) é perturbador, pois pode sugerir que o humano já se foi, perdeu-se no golpe dos acontecimentos. “Insisto em mantê-lo, apesar desses perigos interpretativos, porque pretendo chamar a atenção pra a necessidade de se repensar o humano até o limite de sua essência molecular”, afirma a autora.

Livro para download: O que é o virtual?

Baixe grátis o livro O que é o virtual?, de Pierre Lévy

02

Pierre Lévy, filósofo e sociólogo nascido na Tunísia, mas radicado na França, é um dos pesquisadores mais cultuados no que se refere às temáticas sobre inteligência coletiva e cibercultura. Seus livros popularizaram-se no Brasil no final dos anos de 1990 ao abordarem esses temas, no paradigma emergente de estudos sobre a internet e suas repercussões sociais e culturais.

No livro “O que é o virtual?”, de 1996, o autor se debruça sobre os conceitos de virtualização e atualização. Em sua obra, a distinção entre real e virtual é fundamental, pois, no senso comum, segundo o autor, essas categorias operam no que ele chama de “oposição fácil e enganosa”: o virtual como antônimo do real. Na perspectiva de Pierre Lévy, o virtual não é o oposto do real, mas do atual. Embora tenha uma relação com o imaginário (oposto do real), o virtual não deve ser confundido com ele. Para o autor, o movimento de virtualização opera como inverso ao da atualização.

A obra reúne elementos filosóficos, antropológicos e sociopolíticos, partindo do conceito de virtualização originário do conceito latino da palavra virtus — aquilo que existem em potência e não em ato –, a relação entre o processo de virtualização e hominização e a compreensão deste fenômeno contemporâneo para atuar politicamente nele. No decorrer do livro, Lévy, ao estabelecer que o virtual não está para o real, como ilusório ou irreal, mas para o atual, ratifica o virtual como semente, como potência de uma configuração dinâmica de forças e finalidades que engendram a passagem de uma entidade qualquer do atual para o virtual. Assim, a virtualização é um movimento dialético com o atual, que cria ou transforma qualidades. Por um lado o real é a expressão das potências possíveis de uma existência, por outro, o virtual é a elevação à potência do atual de uma existência. Desse modo, para Lévy, esse movimento torna o virtual um dos principais vetores da realidade.

Livro para download: Dos meios às mediações: Comunicação, cultura e hegemonia

Baixe grátis o livro Dos meios às mediações: Comunicação, cultura e hegemonia, de Jesús Martín-Barbero

 

barbero

O espanhol radicado na Colômbia Jesús Martín-Barbero publicou essa obra originalmente em 1986, embora só na virada dos anos 2000 o livro tenha ganhado repercussão no Brasil, após a primeira edição brasileira em 1997, pela editora da UFRJ. Semiólogo e pesquisador da comunicação e da cultura, Martín-Barbero, nesse livro, coloca em xeque todo o debate então predominante sobre mídia e comunicação, em especial na América Latina. No debate vigente, ancorado na perspectiva da Escola de Frankfurt e seus representantes, como Adorno e Horkheimer, a mídia era vista como um instrumento de manipulação no interior da sociedade administrada. A ideia central do livro para confrontar o pensamento predominante de que a mídia, as produções culturais e as comunicações, no âmbito da indústria cultural, estariam sempre à serviço da alienação é a de que nem toda absorção do hegemônico pelo subalterno é sinal de submissão e nem toda recusa é sinal de resistência.

Com argumentos históricos e teóricos consistentes, o autor analisa a questão da comunicação a partir da América Latina em diferentes períodos históricos no século XX: um primeiro, dos anos 30 aos anos 50, e um segundo a partir da década de 1960, com o estímulo ao consumo e com os meios de comunicação desviados de sua função política para entenderem a interesses econômicos.

A passagem dos meios às mediações, na análise do autor, corresponde à passagem de uma análise na qual os dispositivos são simples meios para se realizar alienação num público passivo para um modelo de análise em que a hegemonia transforma de dentro o sentido do trabalho e da vida da comunidade. Não é possível, por isso, fazer uma apreciação das mensagens da mídia sem uma análise real do que acontece na recepção dessas mensagens, que nunca é simplesmente passiva e consumidora. Isso não quer dizer que a mensagem midiática não deva ser questionada quanto aos seus interesses originais, mas considerá-la apenas, sem levar em consideração às mediações (e as formas de recepção dessas mensagens) seria uma redução simplista do estudo da comunicação — o que comumente ocorre nas afirmações de que as mídias apenas manipulam e alienam. Assim, os pressupostos anunciados no livro abrem passagem para o fortalecimento dos chamados “estudos de recepção”, nos quais os contextos dos receptores e suas bagagens culturais ganham relevância para reelaboração das mensagens midiáticas: não que as mídias não manipulem, mas existe um espaço, talvez amplo, de mediações dessas mensagens.